Curioso de mim

"(...) 'Não saia por aí dizendo que escreve', eu repito pra mim e na primeira oportunidade faço o contrário. Daí vem as perguntas óbvias, do tipo 'o que te inspira?' e 'que tipo de texto, qual o teu ramo?', mas você não seguiu as regras, sentou do meu lado, falou qualquer coisa e perguntando o que eu fazia, viu o caderno e me disse que era escritor também, de romances e essas coisas, deixei você falar, depois fiz graça. 'Deduziu minha profissão pelo caderno? Eu posso estar apenas estudando', falei com desdém do seu acerto e depois não precisei fazer mais perguntas, quando voltou os olhos pra mim, me desfiz, 'não escrevo muito não, só de hobby, quase nunca'. Mas você insistiu, disse que eu tinha cara de escritora mesmo e que não ia me fazer perguntas, apenas queria ler, me tomou o caderno das mãos, parecia alguém que sabia o que estava fazendo. Entrar nos meus pensamentos, ler meus escritos, ali, assim na minha frente, me senti nua. Lia um trecho, olhava, sorria, a mão direita contornando a barba e eu surpresa com sua ousadia. Mas eu gostei, era o que eu queria de verdade, alguém curioso de mim..."

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