Noites de sexta

"(...) Entramos num estabelecimento reconhecido, centro da cidade, luz do sol indo embora, era cedo, antes fosse tarde, ele estava lá com sua cara de sempre, sua barba bem feita, sua jaqueta de couro preta e que combina com todas as suas camisetas de malha branca que conheço bem, a jaqueta de couro que compramos na primeira e única viagem dele à Europa comigo. Éramos amigos, ficamos, fomos donos de uma amizade colorida, brigamos e depois deixamos de ser tudo.

O estabelecimento estava apenas iniciando seus trabalhos, era sexta-feira, a noite caía lá fora, havia uma placa na porta que sinalizava a chegada da nova administração no local, fui percebendo novas mesas e cardápio, novos garçons e garçonetes, novas bandas de porão nos cartazes, anunciando suas apresentações semanais, mas eu ele éramos os mesmo no lugar de sempre, nosso lugar.

Me olhou dos pés a cabeça, era eu quem entrava pela porta principal com a turma, ele parecia que ia demorar, garotas de quinta enfeitavam a mesa, duas garrafas de Jack Daniels, 'noites de sexta-feira não tem fim'. Quase fui embora, mas resolvi ficar, a turma que me acompanhava não entendeu o recuo, não conheceram ou jamais ouviram falar do cara-da-mesa-ao-lado. Trocamos olhares entre nós e conversas entre nossas companhias.

Levanto para ir até o balcão, ele me toma de assalto pela mão e me beija e em seguida afirma 'é um erro' e eu me compadeço 'é um erro', penso, mas não digo. As palavras não saem, não acredito.'É hora de ir', os dois consentem. Fomos e nunca mais fomos os mesmos."
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